Eu acordo todos os dias com as mãos em cima do meu iphone e um cheiro de queimado, já sei, a minha mãe esqueceu e queimou novamente a comida, pois estava ocupada demais dando importância aquela postagem. Já percebeu como somos tão inteligente e incrivelmente entediantes?
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-Ok amigo, tu quase me convenceu que és um gênio, mas eu também tenho o Google.
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Lindos rostos, maravilhosos corpos delineados enquadrados em um mesmo padrão embelezam a minha time line, será que a beleza foi mais vazia? Amigos aos quais nunca se importaram, será que vamos nos conhecer algum dia? Bonecos sem essência, eles vivem encarnando personagens. A arte do enfeite, a era do silêncio, bem eu acho que nada é pra sempre.
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E os nossos olhos incrivelmente mecânicos, são perfeitamente contrastantes com os nossos desejos e telas de led, e os nossos sonhos são mais uma vez comprados, afinal nós precisamos ser notados, vivemos correndo atrás de sinal Wi-Fi .
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A sua vida anda parada, ninguém curtiu suas fotos? Ninguém conseguiu ver sua lágrimas? Então coloque mais maquiagem, tire mais e mais peças de roupa, seja como o bobo da corte. Agora dê o seu melhor sorriso, coloque uma frase de superação plagiada de algum livro barato de auto-ajuda ou use Ctrl c + Ctrl v. A fórmula é incrível não acha? Faça isso e talvez alguém se importe.
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E as pessoas continuam falando os mesmos assuntos estúpidos, comprando comida pra fotografar, utilizando da mesma fórmula e imitando umas as outras enquanto a violência explode lá fora, mas ninguém se importa.
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Alguém vai me dar a mão? Ou talvez elas estejam bem mais ocupadas segurando seus androides, então me filmem enquanto sou espancado, mas façam um enquadramento que me deixe mais magro, me proporcionem meus quinze minutos de fama no noticiário global, me tornem uma lenda, digitalizem minha morte.


                                                                         - Jal Vasconcelos